
LISIANE COHEN
diretora de Hoje tem felicidade
Qual o seu envolvimento com Machado de Assis?
Conheci a obra de Machado de Assis na escola. Com o passar dos anos,
aumentando o meu conhecimento sobre literatura, percebi o quão
fantástico e diferenciado é este autor. Sem dúvida,
um dos maiores que a literatura brasileira já viu.
Dentre tantos textos possíveis, por que você
optou por adaptar o capítulo "A propósito de botas"
de Memórias póstumas de Brás Cubas?
Esta é uma história peculiar. A minha Vó me contava,
como piada, a história do homem do sapato apertado, que só
se sentia feliz quando tirava-o dos pés. Quando li Memórias
póstumas de Brás Cubas e me deparei com “A Propósito
de Botas”, fiz este link e resolvi juntar as histórias,
com a imagem que eu fazia delas. O texto do Machado de Assis é
genial e muito cinematográfico. O texto de “A propósito
de botas” é carregado de nuances, sentimentos e imagens.
Perfeiro para um filme.
O que norteou o trabalho de adaptação?
Na realidade, eu preservei a idéia de causar um sofrimento para,
ao se livrar dele, ter aquela sensação de prazer, de felicidade.
O restante, a realidade do personagem, o detonador daquela ação
de comprar um sapato apertado, o sofrimento, a vontade de chegar, o
tirar os sapatos, foram criados com o intuito de levar o espectador
às sensações vivenciadas pelo personagem. Por se
tratar de um capítulo que faz parte de um todo, de um livro,
precisei isolar a idéia essencial, pois queria fazer um curta-metragem
com força, estética, interpretações que
a valorizassem.
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